O papel do Espírito Santo em nossas vidas

O papel do Espírito Santo em nossas vidas

“No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e
vazia; as trevas cobriam a abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as
águas” (Gênesis 1,1)

No relato da criação, pode-se perceber a ação do Espírito Santo na obra da criação. “O Espírito de Deus pairava sobre as águas”, pairava com seu poder criador. Desde
todo o sempre o plano de salvação é obra comum das três pessoas da Santíssima Trindade, mas pouco a pouco, pela bondade divina, foi revelada a ação de Deus Pai Criador, de Jesus Salvador e do Espírito Santo Santificador. Especificamente, são missões da Encarnação do Filho de Deus e o dom do Espírito Santo, particularmente em Pentecostes, que manifestam as propriedades de cada uma das pessoas divinas.


Toda a economia da salvação tem como objetivo final a perfeita união da humanidade com a Santíssima Trindade. Assim, desde o início da nossa existência, a presença de Deus se faz presente em nossa vida. Porém, essa compreensão se dá aos poucos e à medida que a pessoa busca e faz experiência com Deus. Embora nem todos percebam a ação de Deus em suas vidas, Ele
está presente, pois na concepção judaico-cristã, o Senhor é o doador da vida.

No Novo Testamento, um dos primeiros sinais da presença do Espírito Santo se dá durante o batismo de Jesus: “Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis
que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus” (Mateus 3,16). E depois, quando Jesus está para ascender ao céu, promete um novo batismo, “porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo” (Atos dos Apóstolos 1,5).

Pentecostes e o início da missão da Igreja


A promessa de Jesus se cumpre no dia de Pentecostes, quando “estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um
vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. […] Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2,1-4). Esse é o momento no qual a Igreja desejada por Jesus Cristo começa sua missão e chega até aos nossos dias.


No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja se manifesta ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo: o tempo da Igreja, durante o qual Cristo manifesta, torna presente e comunica sua obra de salvação pela liturgia de sua Igreja, “até que ele venha” (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1076).


O papel do Espírito Santo nos dias de hoje


O que aconteceu há mais de dois mil anos, no dia de Pentecostes – quando os 11 discípulos de Jesus, junto com Maria, Mãe de Jesus, e outros seguidores estavam reunidos aguardando o cumprimento da vinda do Espírito Santo –, também ocorre hoje. Em cada batizado, em cada celebração eucarística e em todos os sacramentos, a Igreja invoca a vinda do Espírito Santo. Assim, o prodígio de Pentecostes continua se renovando. A Igreja é conduzida pelo Espírito Santo, e Ele
sopra onde quer, inspirando movimentos e comunidades ao redor do mundo, com o objetivo de renovar a cada um de nós. O Espírito Santo marcou, pelo batismo, o início de nossa história pessoal de salvação e que agora, a cada momento, pode
marcar, se quisermos realmente, o início de uma vida nova em Cristo e na Igreja (cf.Raniero Cantalamessa, O Verbo se faz carne, p. 326).


O que o Espírito Santo fez há dois mil anos na Igreja não se limitou àquela ação inicial; ela é contínua. É verdade, se olharmos a história da Igreja, veremos altos
e baixos. Mas, também, todas as vezes que pessoas ou grupos se deixaram conduzir pelo Espírito de Deus, grandes coisas aconteceram. Os Apóstolos, os Padres da Igreja, os Papas Santos, as Santas e os Santos dos dois milênios passados e agora do milênio no qual vivemos, são sinais da ação do Espírito Santo atuando na Igreja e na vida de cada fiel. Logicamente a liberdade do homem é sempre respeitada por Deus, por isso podemos ver também, ainda que seja no seio da Igreja, sinais contraditórios, que fogem da ação do Espírito Santificador, não por sua vontade, mas pela liberdade que nos é própria. Mas toda vez que alguém se volta e aceita que a ação do Espírito Santificador aconteça em sua vida, uma renovação, uma nova vida passa a ser experimentada. Assim podemos afirmar que o papel do Espírito Santo é o mesmo desde todo o sempre. O que lemos em Hebreus 13,8, que “Jesus é sempre o mesmo: ontem, hoje e sempre”, também se aplica ao Espírito Santo. Ele continua atuando na vida da Igreja e em nossa vida. O que muda então? É a compreensão que temos a partir da revelação. Deus nos envia seu Filho único. O Filho nos revela o Pai e nos ensina a chamá-lo de Pai-Nosso. Jesus nos promete o Espírito Santo. O Espírito nos unge em nosso batismo, mas já está em nossa vida pelo poder criador.

O Concílio Vaticano II é um sinal da ação do Espírito Santo em sua Igreja. São João XXIII, ao anunciar esse concílio, expressou seu desejo de que “uma nova primavera” acontecesse na Igreja. Ainda hoje estamos colhendo os frutos dessa primavera. Os movimentos de renovação nas comunidades e em toda a Igreja são perceptíveis. Nos últimos anos os cristãos passaram a ter maior compreensão da ação do Espírito Santo em suas vidas. Mas sua ação não é isolada, é ação da Santíssima Trindade. O que muda de fato é a compreensão que vamos tendo, a partir da revelação, da ação de Deus em nossa vida e na Igreja.

Como podemos enxergar a ação do Espírito Santo


A ação do Espírito Santo é percebida pelos seus frutos, como nos ensina São Paulo: “O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois os que
são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito” (Gálatas 5,22-25).


Conhecemos uma árvore pelos seus frutos, assim também nós, se permanecermos unidos a Jesus Cristo, a videira verdadeira, produziremos muitos frutos. “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15,5). É verdade
que não compreendemos todas as coisas, por isso o Espírito Santo vem em nosso auxílio, como o próprio Jesus nos prometeu: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão”(João 16,13-14).


Que o Senhor nos ajude! Por isso, rezamos com toda a Igreja, pedindo a ação do Espírito Santo em nossa vida: “Vinde Espírito Santo, enchei com vossos dons os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o amor, como um fogo abrasador!” (Missal Romano).

Fonte: Revista Ave Maria

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