A Mãe de Deus (Parte 4) – A Intercessão de Nossa Senhora

A Mãe de Deus (Parte 4) – A Intercessão de Nossa Senhora

O conceito da intercessão de Maria

O papel intercessor de Maria é uma expressão de seu amor maternal por todos os fiéis e de sua profunda união com Cristo.

Na Bíblia, encontramos um exemplo claro dessa intercessão nas Bodas de Caná (João 2, 1-11), onde Maria percebe a necessidade dos noivos e, com um coração atento e compassivo, leva essa questão a Jesus: “Eles não têm mais vinho.” Mesmo sem que ninguém lhe peça, Maria intercede junto a Cristo, demonstrando sua sensibilidade para com as necessidades humanas.

Além disso, sua confiança em Jesus é total, e, ao instruir os servos com as palavras “Fazei tudo o que Ele vos disser”, ela nos ensina a verdadeira atitude de quem busca sua intercessão: uma disposição para obedecer a Cristo.

A intercessão de Maria nos revela que temos em Cristo um Salvador acessível e próximo, e nela uma mãe que cuida de nós, acolhendo e apresentando nossas necessidades.

Seu papel de medianeira entre nós e Deus, reforça, portanto, a mediação de Cristo, o único e verdadeiro mediador entre Deus e os homens. Como nas Bodas de Caná, ela nos orienta sempre a nos aproximarmos de Cristo com confiança e obediência, sabendo que, em sua infinita misericórdia, Ele sempre nos ouve e nos concede o que precisamos para a nossa salvação.

A necessidade de uma medianeira entre nós e o único medianeiro

Quando pensamos na intercessão de Maria, é importante entender que ela não compete com o papel único e insubstituível de Cristo como único mediador entre Deus e os homens (cf. 1 Timóteo 2, 5). Maria não se coloca como um substituto, mas como alguém que, por sua união com Cristo, participa ativamente da mediação de graça para aqueles que buscam a Deus.

São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, fala claramente sobre a relação entre Maria e Jesus, sugerindo que, embora Cristo seja o único mediador, Ele escolheu Maria para ser a mediadora secundária e indispensável de todas as graças.Pois Deus fê-la a rainha dos céus e da terra, líder de Seus exércitos, guardiã de Seus tesouros e despenseira de Suas graças; tornou-a a realizadora de Suas maravilhas, a restauradora da raça humana, a mediadora em prol dos homens, a destruidora de Seus inimigos e Sua associada fiel nas grandes obras e triunfos. 12

A beleza dessa visão está no entendimento de que, por Deus ter escolhido Maria para ser a Mãe do Salvador, Ele a fez plenamente associada à obra da salvação. Maria, ao dizer “sim” à vontade de Deus, permitiu a Encarnação e a salvação do mundo.

No Tratado, São Luís também descreve Maria como um “canal de graça”, um instrumento escolhido por Deus para conduzir os fiéis a Cristo de maneira mais direta e eficaz. Ele compara o papel de Maria ao de um rio que leva as águas do mar, sem ser o mar em si; assim, ela facilita a chegada das graças que vêm de Cristo àqueles que a buscam. Maria não desvia, portanto, a glória de Cristo, mas a torna mais acessível, atuando como uma mediadora ao serviço de Cristo e nos conduzindo a Ele com um coração maternal.Deus Filho transmitiu à Sua mãe tudo quanto conquistou pela Sua vida e morte; a saber, Seus méritos in-
finitos e eminentes virtudes. Fê-la a tesoureira de tudo o que Seu Pai lhe dera por herança. Por meio dela aplica os méritos que tem aos Seus membros, e por meio dela transmite Suas virtudes e distribui Suas graças. Ela é o Seu canal místico, o aqueduto pelo qual faz com que Suas misericórdias fluam gentil e abundantemente. 13

Essa necessidade de uma medianeira surge da realidade de que, como seres humanos, estamos limitados e muitas vezes incapazes de nos aproximar de Deus por conta de nossa fragilidade. Ao escolher Maria como mãe e mediadora, Deus nos dá uma figura acessível, próxima, que conhece nossa condição e sabe como interceder por nós diante de Seu Filho.Mas será que não temos nós qualquer necessidade de um mediador com o próprio Mediador? Somos nós
suficientemente puros para sermos unidos diretamente a Cristo, sem qualquer ajuda? Não será Cristo Deus, igual em tudo ao Pai? Não é Ele, portanto, o Santo dos Santos, digno de tanto respeito quanto o Seu Pai? […] Não tenhamos medo de dizer, junto com São Bernardo, que precisamos de um mediador com o próprio Mediador, e que Maria, pelas honras que d’Ele recebeu, é a mais capaz de cumprir tal ofício de amor. 14

A importância da intercessão mariana

A intercessão de Maria desempenha um papel essencial na vida espiritual dos fiéis, sendo uma das expressões mais profundas da devoção à Mãe de Deus. Desde os primeiros tempos da Igreja, os santos reconheceram a importância dessa intercessão como um meio eficaz de alcançar a graça divina. São Bernardo de Claraval, por exemplo, a descrevia como “causa da nossa alegria” e “estrela do mar”, a quem recorremos para nos conduzir a Cristo. Ele via Maria como nossa advogada, cuja intercessão “amoleceria” o Juízo de Deus e nos guiaria na busca pela santidade.

São João Paulo II, com sua profunda devoção mariana, promoveu a consagração do mundo à Imaculada Conceição e destacou a importância do Rosário. Para ele, a intercessão de Maria não era apenas uma súplica, mas uma participação ativa no plano salvífico de Deus. São Maximiliano Kolbe, por sua vez, ensinou que Maria é a mediadora das graças divinas e a chave para a verdadeira conversão. Ele via nela o caminho direto para Cristo, pois sendo “cheia de graça”, ela é o meio perfeito de alcançar a salvação.

A intercessão de Maria é um consolo e uma fonte de esperança, pois, ela, como Mãe, sempre nos conduz a Cristo, o único Salvador.

Fonte: Minha Biblioteca Católica

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