A Mãe de Deus (Parte 2) – Nossa Senhora na Bíblia

A Mãe de Deus (Parte 2) – Nossa Senhora na Bíblia

As principais passagens marianas no Novo Testamento

A Anunciação (Lucas 1, 26-38)

A primeira grande passagem mariana no Novo Testamento é a Anunciação, quando o anjo Gabriel é enviado por Deus para anunciar a Maria que ela conceberá o Filho de Deus. Maria, surpresa, pergunta como isso será possível, mas sua resposta é um “sim” pleno à vontade divina: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Esse momento marca o início da salvação, com Maria aceitando ser a mãe do Salvador, tornando-se o ponto de partida para a Encarnação de Cristo.

A Visitação (Lucas 1, 39-56) e o Magnificat.

Após a Anunciação, Maria visita sua prima Isabel, que está grávida de João Batista. No encontro, Isabel, cheia do Espírito Santo, reconhece Maria como a “mãe do Senhor”. Em resposta, Maria canta o Magnificat, um cântico de louvor e gratidão a Deus por Sua fidelidade e poder.

Nessa passagem, Maria se revela como uma mulher de profunda fé, que vê em sua própria vida o cumprimento das promessas feitas por Deus.

O Nascimento de Jesus (Mateus 1, 18-25; Lucas 2, 1-7)

nascimento de Jesus é um momento central na história da salvação. Maria, com José, viaja para Belém, onde Jesus nasce em um estábulo. Ela é a mãe que acolhe com amor o Verbo feito carne, e sua entrega é um exemplo de confiança plena na vontade de Deus. O nascimento de Jesus, a vinda do Messias ao mundo, é um evento que marca a plenitude do tempo, e Maria — escolhida para ser mãe do próprio Deus Encarnado — participa dessa história de redenção.

As Bodas de Caná (João 2, 1-11): Primeira intercessão de Maria.

Nas Bodas de Caná, Nossa Senhora se destaca como intercessora. Quando o vinho acaba, ela, atenta às necessidades dos outros, recorre a Jesus, dizendo: “Eles não têm mais vinho.” Embora seu Filho inicialmente responda que ainda não chegou a sua hora, Maria confia que Ele agirá.

Esse gesto de Maria não só inaugura os milagres públicos de Jesus, mas também nos ensina, com simplicidade, a importância de confiar em Deus e interceder pelos outros. Em sua atitude silenciosa, Maria nos convida a agir com fé, colocando nas mãos de Deus as necessidades do mundo.

Maria aos pés da Cruz (João 19, 25-27): Maria como mãe dos discípulos.

A última presença de Maria no Evangelho é descrita por João e acontece durante a crucificação de Jesus. Maria se encontra aos pés da cruz, testemunhando a dor e o sofrimento de seu Filho. Nesse instante, Jesus a entrega ao discípulo amado, dizendo: “Eis aí tua mãe.”

Com essa declaração, Maria se torna mãe de todos os discípulos, assumindo seu papel como mãe espiritual da Igreja e de todos os cristãos. Este momento revela não apenas o profundo amor de Maria, mas também sua missão contínua de cuidar e interceder por todos nós.

A Mulher de Ap 12

Por fim, no livro do Apocalipse, Maria é apresentada sob a imagem de uma mulher coberta de sol, com a lua sob seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça (Ap 12,1). Esta mulher é um símbolo de Maria, associada à Igreja, que dá à luz o Filho de Deus e luta contra as forças do mal. A figura de Maria em Apocalipse 12 é um testemunho de sua união com o plano de salvação e de sua proteção sobre a Igreja, como Mãe que intercede pelos filhos de Deus.

Tipologias marianas no Antigo Testamento

Eva e Maria: A teologia da Nova Eva.

A Igreja vê em Maria a “Nova Eva”, um título que revela um paralelo rico e significativo. No Gênesis, Eva, a “mãe de todos os viventes”, cede à tentação e, por sua desobediência, a humanidade entra em um estado de separação de Deus. Já Maria, na plenitude dos tempos, assume o papel de restaurar essa relação, com um “sim” que ressoa como antídoto ao “não” de Eva. Enquanto Eva escolheu o fruto proibido, Maria, ao ser escolhida para gerar o Verbo Encarnado, entrega-se à vontade divina, permitindo que a redenção de Cristo nos seja oferecida. No termo desta missão do Espírito, Maria torna-se a «Mulher», a nova Eva «mãe dos vivos», Mãe do «Cristo total» (97). É como tal que Ela está presente com os Doze, «num só coração, assíduos na oração» (Act 1, 14), no alvorecer dos «últimos tempos», que o Espírito vai inaugurar na manhã do Pentecostes, com a manifestação da Igreja. 2

Este contraste entre Eva e Maria destaca a importância da liberdade e da resposta humana no plano divino. Maria, como Nova Eva, é o ícone da conformidade e da cooperação com Deus. Sua atitude de confiança e entrega nos mostra que, com fé, podemos superar a fragilidade da natureza humana. A Nova Eva nos ensina a viver em unidade com Deus, oferecendo-se como modelo de confiança e pureza. Ela nos lembra que, ao acolhermos a vontade divina, somos capazes de transformar nossa vida e contribuir para o bem de toda a humanidade.

A Arca da Aliança e Maria: Maria como portadora da nova aliança.

A tradição cristã contempla Maria como a nova Arca da Aliança, uma imagem rica em simbolismo e cheia de significado teológico. No Antigo Testamento, a Arca continha as tábuas da Lei, o maná e a vara de Arão, significando a presença de Deus entre seu povo.

Maria, ao carregar Jesus em seu ventre, torna-se a nova Arca, pois ela mesma porta em si o Verbo encarnado, a plenitude da nova aliança. Assim como a Arca da Aliança foi preparada com materiais puros e preciosos, Maria foi preservada do pecado original, sendo puríssima, escolhida por Deus para essa missão única.Maria, em quem o próprio Senhor vem habitar, é em pessoa a filha de Sião, a arca da aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: é «a morada de Deus com os homens» (Ap 21, 3). «Cheia de graça», Ela dá-se toda Aquele que n’Ela vem habitar e que Ela vai dar ao mundo. 3

Essa tipologia nos ensina que, assim como a Arca, Maria é sinal da presença divina no meio de nós. Sua pureza e disponibilidade total a Deus fez dela a morada perfeita para Cristo. No entanto, Maria é mais que um simples recipiente; ela é a mãe e colaboradora na redenção, pois acolheu Jesus não apenas fisicamente, mas espiritualmente, com coração e alma.

Fonte: Biblioteca Católica

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