O papel da caridade como a maior das virtudes

O papel da caridade como a maior das virtudes

O caminho da caridade: um percurso de crescimento espiritual

A virtude é um hábito adquirido por meio de um esforço contínuo e consciente. Esforço esse decidido após uma reflexão sobre determinada situação e perseverante, sendo retomada a cada falha ou quebra de continuidade. Por exemplo, você percebe que suas reações explosivas estão causando problemas, ofendendo pessoas, gerando discussões e fazendo você perder amigos.

Então, após refletir sobre todas essas consequências, você decide mudar e passa a se observar, tentando manter a calma nesses momentos, ou mesmo evitando situações que possam levá-lo a perder a paciência. Com o passar dos anos, embora caindo algumas vezes, você retoma o propósito e recomeça, até perceber que está se tornando mais paciente, mais calmo, e que as explosões emocionais praticamente desapareceram. Assim, você cultivou a virtude da paciência, uma virtude humana.

Porém existem virtudes chamadas teologais, onde as virtudes humanas têm o seu fundamento, a sua raiz se referem diretamente a Deus e são dadas por ele no momento do Batismo.

Virtudes Teologais: dons de Deus para a salvação

São 3 as virtudes teologais: fé, esperança e caridade. A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus; a esperança é pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo e a caridade que é a virtude teologal pela qual nós amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.

Ora, se a caridade consiste em amar a Deus sobre todas as coisas, a caridade consiste em obedecer aos mandamentos do Senhor, conforme nos fala o Evangelho de São João – “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” (João 14, 15).

Mas como levar esse amor a Deus à perfeição, visto que a caridade é uma virtude dada por Ele? É necessário pedir: “Porque todo aquele que pede, recebe.” (Mateus 7,8).

O momento mais propício para pedir é quando se recebe a Eucaristia. Receber a Eucaristia é ter o próprio Deus em você (corpo, sangue, alma e divindade) e poder dialogar com Ele — aquilo que, em condições normais, é um privilégio concedido apenas aos grandes santos, mas que, na Eucaristia, todos nós podemos realizar de forma concreta.

Por isso é importante ter um bom momento de silêncio após a Eucaristia. Por cerca de 15 minutos, o Senhor está presente com você, e esse é o momento para pedir todos os meios para lutar pela salvação, sendo a caridade o primeiro de todos.

Amar como Cristo é a essência da caridade

E por que a caridade é um dos pontos centrais de nossa vida espiritual? Porque ninguém consegue sustentar qualquer ação sem amor. Mesmo as pessoas mais materialistas amam realizar algo, nem que seja o prazer que essa ação é capaz de proporcionar.

E nesse ciclo de amar e pedir para amar mais, amar e pedir para amar mais, vamos crescendo de passo em passo na caridade para ser mais santos e para fazer cada vez mais a vontade de Deus em nossa vida.

Quando você ama alguém, você quer estar mais perto dela, impulsionado pela virtude da caridade, você vai querer estar mais perto de Deus, ou seja, você vai querer rezar mais e melhor, você vai querer estar mais perto d’Ele na Eucaristia, você vai querer estar mais com Deus na adoração. O amor vai impeli-lo a avançar na vida espiritual, vai, inevitavelmente, levá-lo para uma vida de intimidade com Deus.

Caridade: a fonte da compaixão e do amor

Essa vida de intimidade com Deus fará você se atentar para o irmão, para suas necessidades, e a desenvolver compaixão. E por que isso acontece? Porque, ao perceber Deus como Pai, inevitavelmente você perceberá não apenas a existência dos outros irmãos, mas também se tornará mais sensível às suas necessidades e sofrimentos, começando a se mover em um processo de aumentar a atenção às necessidades dos outros.

Inevitavelmente, o amante se torna parecido com o amado. Nesse processo de amar mais a Deus, aumentando a virtude teologal da caridade, você vai desejar — mesmo com suas limitações — amar seus inimigos, porque, assim como Jesus, você perceberá que eles precisam mais do seu amor do que, muitas vezes, aqueles irmãos pelos quais você tem mais empatia.

A caridade é a virtude que transforma a alma

E assim, pouco a pouco, toda a sua vida vai se transformando, vão se mudando não só os atos, mas vão se mudando a razão pela qual os atos bons são realizados, uma reta intenção de oferecer cada ato e de fazê-lo por amor a Deus.

Este é o caminho, meu irmão, que precisamos seguir o quanto antes. E não se iluda: o caminho é longo e exigirá paciência e perseverança. Fique atento também: se você não está mudando de hábitos e atitudes, é sinal de que não está amando a Deus como deveria. Nesse caso, peça — peça cada vez mais e com mais força — e o Senhor responderá às suas preces.

Rezemos para que, um dia, possamos amar a Deus face a face na eternidade.

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