Castidade: Uma boa nova a ser anunciada!

Castidade: Uma boa nova a ser anunciada!

A castidade é uma boa-nova para todos e parte do pressuposto de que a sexualidade é dom de Deus e, por isso, faz parte das relações que estabelecemos com Ele e com os outros. Se, por um lado, é uma graça de Deus termos sido criados como pessoas sexuais, por outro não é fácil buscar e alcançar a integração da sexualidade no próprio projeto de vida. Daí a importância do anúncio da boa-nova da castidade como virtude possível de ser aprendida, interiorizada e assumida por todos.

Tal anúncio implica, em primeiro lugar, um novo olhar sobre a sexualidade para poder compreendê-la como “uma componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de expressar e de viver o amor humano” . Essa dimensão constitutiva do ser humano é uma das mais poderosas energias humanas, isto é, uma energia estruturante que se faz presente em todas as dimensões da vida, a ponto de podermos afirmar que, sem ela, não haveria humanidade. A sexualidade expressa quem a pessoa é na sua mais profunda riqueza e vulnerabilidade.

Em segundo lugar é preciso reconhecer que “enquanto modalidade de se relacionar e se abrir aos outros, a sexualidade tem como fim intrínseco o amor, mais precisamente o amor como doação e acolhimento, como dar e receber” . É o amor que humaniza a sexualidade, isto é, que faz com que se torne o “lugar” de saída de si e abertura ao outro, de relações de qualidade, de reciprocidade, de afirmação do outro na sua singularidade e diversidade, de partilha respeitosa da fraqueza humana, de experiência das múltiplas expressões, níveis e significados da doação de si e do acolhimento do outro.

Em terceiro lugar, o anúncio da boa-nova da castidade implica um novo olhar sobre a própria castidade. Trata-se de “uma postura de fundo, como um modo de ser, de entender a vida e de se relacionar consigo e com os outros, que ultrapassa a realidade puramente genital-sexual, mas que depois consente captar-lhe a verdade e realizar seus fins”. A castidade requer a integração da sexualidade na pessoa e no seu próprio projeto de vida, projeto que tem o amor como seu fim último . Uma vez que se dá tal integração, a castidade defende a sexualidade daquilo que a desumaniza e protege o amor do egoísmo e da agressividade, a fim de que a pessoa seja capaz de crescer no amor por meio do dom sincero de si ao outro . Nesse sentido, pode também ser entendida como a virtude que favorece a vivência autenticamente humana da sexualidade . A castidade é, portanto, virtude que capacita a pessoa a transformar a energia estruturante que é a sexualidade numa força criativa e integradora na própria vida.

No entanto, tal integração não se realiza sem esforço. Além do autoconhecimento e da auto aceitação, uma dose saudável de autodisciplina e ascetismo torna-se necessária, sem perder de vista duas dimensões muito importantes: nada disso se conquista de uma hora para outra, mas é resultado de “um trabalho em longo prazo”, que “nunca deve ser considerado definitivamente adquirido”; tudo isso está orientado para a autodoação8 , que dificilmente é total, sem reservas e definitiva como as pessoas gostariam que fosse. A razão é muito simples: “a castidade tem leis de crescimento”, crescimento que “passa por graus, marcados pela imperfeição e, muitas vezes, pelo pecado” •

Fonte: Revista Ave Maria – Padre Ronaldo Zacharias

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