Muitos protestantes dizem que “não existe pecadinho e pecadão:
todos os pecados são equivalentes e tornam a pessoa igualmente culpada”. Essa ideia é totalmente sem lógica e vem de uma interpretação errada desta passagem da Bíblia: “Pois quem guardar os preceitos da Lei, mas faltar em um só ponto,
se tornará culpado de toda ela” (Tg 2, 10).
Alguém em sã consciência pode mesmo acreditar que uma criança que é também mendigo que roubou uma maçã porque estava passando fome é tão culpável diante de Deus quanto um homicida que planejou a morte de alguém para ficar com a sua herança?
A Igreja Católica ensina que, basicamente, há dois tipos de pecados
- os pecados MORTAIS
(graves), que separam a
alma da amizade com Deus.
Se não houver arrependimento, conduzem ao Inferno, ou seja, à morte da alma; - os pecados VENIAIS (leves), que diminuem a graça
na alma, mas não condenam
ao Inferno.
São João revelou que há pecados que conduzem à morte da alma, e há outros que não: “Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isso para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por esse. Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte.” (1 Jo 5, 16-17).
Diante de Pilatos, Jesus também ensinou que há uma hierarquia de gravidade entre os pecados: “quem me entregou a ti tem pecado maior” (Jo 19, 11b). E, no ato do lava-pés, Pedro pede que Jesus lave suas mãos e também a cabeça, mas Jesus diz que aquilo não era necessário, pois “Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro” (Jo 13,10a). Ou seja, Pedro só precisava ser purificado de seus pecados veniais, que são como a poeira nos pés. O Catecismo da Igreja Católica esclarece que um pecado pode ser mortal ou venial, dependendo da intenção e da dimensão do dano gerado (Catecismo, n. 2484). Quando um fiel tem a consciência de que está em pecado grave, ele não deve se aproximar da Eucaristia para comungar. Para que um peca do seja mortal (grave), é preciso que esteja de acordo com os três pontos abaixo. Se faltar apenas um ou mais desses elementos, o pecado é venial:
- é matéria grave;
- o pecador sabia que era
pecado; - fez porque quis, com
total liberdade;
Nos Evangelhos, Jesus delineia claramente a grande diferença de culpabilidade entre uma pessoa que faz coisas más por falta de conhecimento do que era o certo, e outra que faz o que é mau com plena consciência do erro.
O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou
e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que,
ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis, será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá.
(Lc 12, 47-48).
Fonte: Revista Ave Maria
Alexandre Varela é diácono da arquidiocese do Rio de Janeiro e tem seis filhos junto com sua esposa Viviane Varela.
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