É sempre bom recordar as palavras de Jesus quando, reunindo os seus apóstolos, apresentou suas últimas instruções antes de sua ascensão. O encontro foi de orientação e de motivação para o grupo que foi enviado em mandou-os em missão de fazer novos discípulos: “Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: ‘Toda a autoridade me foi dada no Céu e sobre a Terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,16-20).
Três aspectos que iluminam a nossa reflexão sobre o mandato de Jesus a seguir:
● A obediência dos discípulos – eles obedecem ao pedido do Senhor;
● A contemplação dos discípulos – contemplam e adoram Cristo;
● O envio dos discípulos – eles são enviados em missão.
Temos, então, um itinerário de vida de fé: obediência, contemplação e missão. Podemos conferir o contraste entre as expectativas dos apóstolos e a missão que
Jesus se propunha a assumir. Ele chamava sua comunidade para uma missão além-fronteiras, motivando-os a abandonar a zona de conforto e as expectativas anteriores.
Catequese é “um processo dinâmico e abrangente de educação da fé, um itinerário, e não apenas uma instrução” (Catequese renovada, 281); processo que leva ao acolhimento da Palavra de Deus e da Pessoa de Jesus Cristo; acolhimento da verdade de fé: a Palavra se fez carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14).
UMA VERDADE QUE PRECISA SER TRANSMITIDA COM COMPETÊNCIA
O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Antiquum Ministerium sob forma de motu próprio, diz: “Toda a história da evangelização destes dois milênios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano. Além disso, alguns reuniram à sua volta outros irmãos e irmãs, que, partilhando o mesmo carisma, constituíram ordens religiosas totalmente dedicadas ao serviço da catequese. Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que
tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequético. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida”. Ele vai indicar que a missão da
catequese é uma ação evangelizadora; é insubstituível; é missão própria do Bispo e dos outros sujeitos Sair da própria terra é sempre um desafio. As palavras de Jesus remetem ao chamado de Abraão: “O Senhor disse a Abrão: ‘Sai da tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção’” (Gn 12,1-3). Observe: sair da sua terra;
sair da casa da família; sair para um lugar desconhecido, uma terra prometida; ser pai da fé; pai de uma rande nação. Gerar novos filhos para Deus e levá-los para uma rica experiência de fé é o mesmo que fazer novos discípulos como pede Jesus. A comunidade dos discípulos é revestida de motivação: “Eis que eu estarei convosco todos os dias” (Mt 28,20) – motivação para uma missão que se fortalece quando se alimenta de fé, de confiança e de esperança. Observe também: fé para
reconhecer o seu chamado, escutar a sua voz; confiança para aceitar e se
entregar em suas mãos; esperança para trilhar o caminho do seguimento; ir para onde Ele nos levar. O que essa passagem do Evangelho traz de inspiração para a catequese hoje? A catequese tem uma árdua e encantadora missão: introduzir, com profundidade, a Palavra de Deus no processo de iniciação à vida cristã.
No caminho do discipulado, catequético e missionário, é necessário que exista um progressivo envolvimento com a Sagrada Escritura, a Palavra de Deus: “A missão de iniciar na fé coube, na Igreja antiga, à liturgia e à catequese” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107, 70). a serviço da catequese: presbíteros, diáconos, religiosos(as), famílias, catequistas, leigos(as) que estão
presentes no mundo; é uma missão salvadora da Igreja para o mundo. Queridos catequistas, é importante reconhecer a incansável participação de vocês, anunciando o Evangelho de Cristo com competência, criatividade e dedicação.
É missão da catequese:
● conduzir as pessoas na adesão a Jesus Cristo, introduzindo-as nos sacramentos
da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia;
● educar para a escuta da Palavra e para a oração pessoal, “mediante à leitura orante, evidenciando uma estreita relação entre Bíblia, catequese e liturgia” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107, 66);
● permanecer na centralidade do querigma (primeiro anúncio das verdades da fé) para o amadurecimento e para a maturidade da fé;
● favorecer, no seguimento de Jesus, uma experiência mistagógica (pedagogia do
mistério) para progredir no conhecimento e na vivência do mistério pascal.
Lembremo-nos sempre do que disse Jesus: “Asseguro-vos que quem ouve a minha Palavra e crê em quem me enviou, tem vida eterna” (Jo 5,24).
Hoje, desafia-nos a urgência de construirmos comunidades eclesiais missionárias, comprometidas com o anúncio da Palavra de Deus, nas diferentes realidades da
vida.
Fonte: Revista Ave Maria
Deixe um comentário