MARIA, MÃE DO VERBO

MARIA, MÃE DO VERBO

Existem inúmeros títulos marianos sobre os quais poderíamos discorrer ou muitos temas bíblicos à nossa disposição para refletir sobre eles, porém, fico pensando em como se poderia estabelecer uma aproximação ao tema do Mês Bíblico deste ano, que é o Livro de Ezequiel, e o lema “Porei em vós meu Espírito e vivereis” (Ez 37,14). 

Algumas verdades e escritos de Ezequiel nos direcionam a Maria no sentido da profecia à realização. Se da parte de Ezequiel os oráculos proféticos anunciam uma realidade de salvação, em Maria a salvação se torna realidade; se os gestos proféticos querem mostrar a verdade e a presença de Deus no meio de povo, chamando-o à conversão, em Maria, na pessoa de um ser frágil e inocente, o Jesus Menino se torna presença viva de Deus, profeta verdadeiro e definitivo entre nós (cf. Jo 6,14); em relação às parábolas e alegorias proferidas por Ezequiel, como a do povo de Israel que se torna videira estéril, podemos dizer que Maria é videira que dá o fruto verdadeiro e definitivo, Jesus. Se a parábola da esposa infiel é uma forma de chamar o povo à fidelidade ao seu Senhor, em Maria vemos a fidelidade mais extremada e absoluta: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38); as visões e êxtases do profeta nos remetem ao realismo do Magnificat proclamado por Maria: “Desde agora me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é santo” (Lc 1,46-55). Assim, em Maria as profecias se tornam realidade e os anúncios proféticos se cumprem plenamente. 

No campo social, o profeta acusa de infidelidade as lideranças políticas, religiosas e o próprio povo, enquanto Maria proclama que a presença de Jesus, o Deus feito carne, vai promover a solidariedade, saciando de bens os indigentes (cf. Lc 1,53), que os abastados, os que só confiam em sua riqueza e em sua presunção, os que só confiam na riqueza e na sua prepotência, vão sentir sua mão pesada e serão dispersados (cf. Lc 1,53). Se o livro do profeta Ezequiel é marcado pela esperança da restauração, em Maria a profecia se torna realidade: a esperança se chama agora Jesus de Nazaré, o Deus encarnado entre nós.

Que o Senhor derrame seu Espírito sobre nós, a fim de que tenhamos verdadeira vida e discernimento; que possamos ver a presença profética de Maria na vida da Igreja e sua intercessão nos torne fiéis ao Espírito que plenifica e dá vida; que venha sobre nós o dom da profecia e da disponibilidade total, como em Maria.

Pe. Brás Lorenzetti

Fonte: Revista Ave Maria

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *