Agosto é o mês das vocações. Para disseminar a importância delas para a vida da Igreja, o Notícias Canção Nova produziu a série “Mês das Vocações”. Em todas as segundas-feiras, será possível conferir uma entrevista exclusiva sobre a vocação celebrada na semana. Sendo assim, nesta primeira matéria, o foco será a vocação presbiteral, que, neste primeiro domingo, 4, contou com a celebração do “Dia do Padre”.
O entrevistado desta segunda-feira, 5, é o bispo emérito da Diocese de Jundiaí (SP), Dom Vicente Costa. Ordenado sacerdote em dezembro de 1972 e bispo em setembro de 1998, Dom Vicente sempre prezou pelo zelo litúrgico e pela importância do conhecimento das Sagradas Escrituras e da Doutrina Católica. Na entrevista, ele compartilhou ensinamentos sobre como viver bem o sacerdócio. Confira:
NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Como discernir a vocação sacerdotal?
Dom Vicente: Para discernir a vocação (…) é importante três fatores. Primeiro: orar, ouvir o Senhor para ver qual seria o projeto de Deus ao seu respeito. Segundo: diálogo, conversar com pessoas experientes naquela vocação, com as pessoas que podem ajudar nesse discernimento. E, por fim, acho importante o silêncio, ouvir a si mesmo, mergulhar em si para examinar as qualidades, as virtudes para conseguir viver bem tal vocação.
NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Qual a diferença entre um padre diocesano e um padre religioso?
Dom Vicente: Como o nome indica, o padre diocesano pertence a uma diocese, a uma igreja particular. Geralmente, o candidato ao sacerdócio vive naquela região da sua diocese. Já sobre o padre religioso: nós temos na igreja muitas congregações religiosas que foram instituídas para alcançar algum carisma, algum serviço particular, cuidar dos pobres ou trabalhar nos colégios da igreja ou no atendimento aos pobres. Temos a congregação dos capuchinhos, a congregação dos padres conventuais e assim por diante. (…) O candidato, pelo discernimento, pode ver se é chamado por Deus para uma vida na própria diocese ou para viver o carisma de uma congregação religiosa.om Vicente Costa, bispo emérito da Diocese de Jundiaí – SP / Foto: Pascom Catedral de Jundiaí – SP
NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Quais virtudes devem ser cultivadas pelos sacerdotes?
Dom Vicente: Acho importante a espiritualidade, estar em comunhão com Deus, saber trabalhar com os outros, trabalhar em equipe. O padre diocesano precisa estar em comunhão com seu bispo, em comunhão com seus colegas padres para formar um só presbitério, trabalhar com os leigos da sua paróquia e comunidade, portanto, ter a virtude da obediência. Também o despojamento, porque o padre é sinal de um Jesus pobre, então o luxo ou ostentação exagerada não fazem parte da vida do ministério do padre. E também (…) o zelo pela pastoral, ser um padre pastor que se dedica totalmente ao trabalho, sem esquecer o celibato. (…) Viver o celibato não por causa de uma lei, mas como dom de Deus para o seu Reino e para a Igreja de hoje.
NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Qual é o grande desafio vivido pelos presbíteros nos dias de hoje?
Dom Vicente: Há um texto muito bonito no Evangelho de São Marcos, capítulo 3, versículos 13 até 14; que diz que Jesus chamou os 12 discípulos, os 12 apóstolos que ele mesmo quis. Por quê? Para quê? Para estarem com ele e para enviá-los em missão. Acho que no mundo de hoje (com tanta complexidade, pagão, marcado pela violência, pela separação entre ricos e pobres) (…) o padre, com tanto trabalho, com tantas atividades, (…) tem seu tempo esgotado, muito limitado e, às vezes, sobra pouco tempo para oração, intimidade com Deus. Acho que quando o padre deixa de orar, os desafios crescem e, se não tomar cuidado, o coração se torna um coração de pedra e daí acaba este zelo, este cultivo da vocação. É importante que o sacerdote saiba distinguir e dividir seu tempo para estar em comunhão com Deus e em comunhão com o povo.
NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: A vocação sacerdotal exige renúncia e entrega, enquanto o mundo prega o sucesso, o dinheiro e os prazeres. Para Deus, o que é uma vida plena e realizada?
Dom Vicente: Eu acho que o próprio Jesus nos deu uma resposta tão bonita, tão profunda, no Evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos de 1 até 12. Jesus faz o discurso das bem-aventuranças. Bem-aventuranças, ou seja, felizes são vocês os mansos, os que procuram viver a justiça, os que se dedicam ao amor de Deus e dos irmãos. Acho que viver como Jesus pede e exige no Sermão da Montanha, significa viver (…) uma vida plenamente realizada, dedicada ao amor de Deus e ao próximo.
Dom Vicente Costa, bispo emérito da Diocese de Jundiaí – SP / Foto: Pascom Catedral de Jundiaí – SP
Fonte e Imagems: cancaonova.com
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